A varicela é uma doença comum na infância, causada pelo vírus varicela-zoster e que é muito contagiosa. Caracteriza-se tipicamente por um conjunto de lesões diferentes, que podem afetar todo o corpo, podendo ser acompanhadas de febre ou outros sintomas. Na maioria das situações é uma doença ligeira, autolimitada e que não deixa complicações.
O sintoma mais típico é o aparecimento de pequenas vesículas de líquido na pele que podem espalhar-se por todo o corpo. Antes do aparecimento destas vesículas, aparecem manchas rosadas, planas que se vão transformando em vesículas que rompem e formam uma crosta que desaparece, de um modo geral, sem deixar marcas. OS diferentes tipos de lesão podem coexistir na mesma altura em diferentes sítios.
Tipicamente as lesões iniciam-se no tronco, passando posteriormente para as extremidades como couro cabeludo e face, depois para o abdómen e região genital e finalmente nos braços/mãos e pernas/pés.
O número de lesões é variável, sendo que a comichão é um dos sintomas tanto mais intenso quanto maior o número de lesões. Embora as vesículas sejam o sinal mais característico da varicela, existem outros sintomas como febre, dor abdominal, falta de apetite, dor de cabeça e mal-estar geral que também podem surgir, em alguns casos antes do aparecimento das alterações na pele.
A varicela transmite-se de pessoa para pessoa por contacto direto (quando alguém toca nas borbulhas ou em objetos contaminados) ou por gotículas de saliva (quando a pessoa infetada espirra, tosse ou fala). O período de contágio é de 1 a 2 dias antes do aparecimento das lesões e a criança mantém-se contagiosa até todas as lesões estarem na fase de crosta (geralmente 5-7 dias). O período médio até surgirem os primeiros sintomas é de cerca de 14 dias após exposição, variando entre 10 a 21 dias. Isto significa que os sintomas podem aparecer até 2-3 semanas após o contacto com a pessoa infetada.
O diagnóstico é clínico na maioria das vezes, sem necessidade de realização de exames adicionais.
Em quadros com apresentação típica, sem complicações, não é realizado tratamento específico. É essencial evitar que a criança coce as lesões para prevenir infeções secundárias. As principais medidas de suporte para controlo e alívio dos sintomas passam por:
Se a criança tiver febre pode fazer paracetamol, desconforto ou mal estar associado a dor. Deve evitar-se o ibuprofeno ou aspirina por risco de complicações.
Em casos específicos pode ser necessário fazer tratamento com antivírico. Essa decisão cabe ao médico que avalia a criança.
A varicela é uma doença de evicção escolar obrigatória por um período mínimo de cinco dias após o início do aparecimento das manchas, idealmente, até todas as lesões estarem em crosta. A criança deve estar isolada de outras pessoas que nunca contraíram a doença, sobretudo pessoas com doenças crónicas, imunossuprimidas e grávidas. Em Portugal a vacina da varicela não está incluída no Programa Nacional de Vacinação mas está autorizada e pode ser prescrita para casos específicos
A maioria das crianças com varicela não precisa de observação em contexto de urgência. Os pais devem vigiar os sinais de alarme, nomeadamente:
Se necessitar de cuidados médicos de urgência informe na triagem que suspeita que a sua criança tem varicela para que possam ser adequadas medidas de isolamento enquanto espera por observação médica.
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Referências bibliográficas:
Elaborado por:
Andreia Preda, Interna de Formação Específica em Pediatria, Unidade Local de Saúde Gaia Espinho
Orientado por:
Márcia Cordeiro, Assistente Hospitalar de Pediatria, Unidade Local de Saúde Gaia Espinho
Texto elaborado para o Portal C&F, SPP março 2025