Piolhos são parasitas de 6 patas que medem 2-3 mm, de cor acastanhada ou cinzenta-esbranquiçada e que precisam obrigatoriamente do corpo humano para sobreviver.
O piolho da cabeça é o mais frequente nas crianças e infesta o couro cabeludo, principalmente na região da nuca e atrás das orelhas.
A vida do piolho dura apenas um mês. Após cerca de uma semana o ovo ou lêndea liberta o piolho. As fêmeas adultas depositam diariamente cerca de 10 ovos, podendo chegar a 100-140 lêndeas por dia. As lêndeas ficam agarradas ao cabelo. Fora do corpo humano o piolho pode sobreviver no máximo até 55 horas, acabando por morrer por desidratação.
Sim. A nível mundial, afeta indivíduos de todos os níveis socioeconómicos, na maioria das vezes crianças em idade escolar, dos 6 aos 12 anos. A sua presença não significa má higiene.
Não! As crianças não devem ser afastadas da escola, dos amigos e de outros eventos sociais por este motivo. A estigmatização pode prejudicar a autoestima da criança pelo que deve ser evitada.
Muitas crianças com piolhos não têm qualquer sintoma. No entanto, devemos suspeitar quando a criança se queixa de muita comichão (reação à saliva do piolho) do couro cabeludo ou quando observamos áreas vermelhas e inflamadas na linha do cabelo, pescoço e região posterior das orelhas.
O diagnóstico é feito pela visualização de piolhos vivos e lêndeas. As lêndeas encontram-se agarradas ao cabelo, muito perto da sua raiz, enquanto os piolhos são móveis. É mais fácil identificá-los quando o cabelo é penteado com um pente específico para lêndeas (espaço entre os seus dentes de cerca de 0.2mm). O pente deve ser colocado no centro da cabeça, encostado ao couro cabeludo e devem-se pentear os cabelos desde a raiz até à ponta, verificando entre cada uso se ficam piolhos ou ovos entre os dentes do pente. Deve pentear-se todo o cabelo pelo menos duas vezes.
A presença de lêndeas sem piolhos não significa necessariamente que exista uma infestação ativa já que ovos mortos podem perdurar meses após o tratamento.
Não, os piolhos não propagam outras doenças. Contudo, devido à comichão intensa que a criança sente, pode haver pequenas feridas por arranhadela no couro cabeludo e pescoço, favorecendo a infeção local por bactérias que habitam a nossa pele.
O piolho não salta de uma criança para a outra, não voa e não usa os animais domésticos como veículo. A transmissão resulta do contacto próximo, havendo alguma controvérsia sobre o papel que a partilha de objetos como pentes, secadores de cabelos ou toalhas desempenham. Embora não seja consensual, os chapéus, a roupa da cama ou contacto com outras superfícies, continuam a ser considerados fontes de infestação.
Adultos e crianças que vivam com alguém com piolhos devem ser examinados e tratados, se necessário após se comprovar a infestação.
Aconselha-se a lavagem das peças de roupa (lençóis, fronhas, cobertores, t-shirts, …) que contactaram com a cabeça da criança, durante os dois dias anteriores ao tratamento. Esta deve ser feita com água quente a 60ºC ou a seco, a alta temperatura. Pode usar-se um aspirador para limpar carpetes e assentos de automóvel. Uma alternativa para objetos que não possam ser lavados ou aspirados é a colocação dentro de um saco de plástico por um período de 1 semana. Não há necessidade de usar sprays inseticidas em casa, na mobília ou outros pertences.
É pouco provável que objetos que a criança tenha usado 2 ou mais dias antes do início do tratamento contenham piolhos.
De uma maneira geral, não se aconselha o uso de produtos repelentes para evitar a infestação por piolhos.
Existem diversos métodos de tratamento disponíveis:
Deverão ser sempre seguidas as instruções de aplicação dos diferentes produtos.
Tratamentos “caseiros” como o uso de manteiga, maionese, azeite, vinagre, óleos vegetais ou minerais, “pomadas para o cabelo” ou vaselina não são considerados eficazes por não serem letais para o piolho. Além disso, muitos produtos herbanários, não têm eficácia comprovada e poderão não ser seguros, pelo que o seu uso em crianças deve ser evitado.
Quando o tratamento não está a ser eficaz, vários aspetos poderão estar em causa: o não tratamento simultâneo de contatos infetados, o seguimento incorreto das instruções de aplicação dos produtos, a não repetição dos tratamentos após uma semana (fazer sempre 2 aplicações) para além da possibilidade de resistência dos piolhos a determinados compostos.
Nestes casos aconselhe-se com o seu médico.
Elaborado por:
Ricardo Craveiro Costa. Médico Interno de Formação Especifica em Pediatria.
Orientado por:
Mónica Oliva. Assistente Hospitalar Graduada de Pediatria.
Leonor Ramos. Assistente Hospitalar de Dermatologia e Venerologia.
Hospital Pediátrico – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
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