Os membros da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria têm notado, na sua prática clínica diária, durante a última década, o impacto da utilização de ecrãs tácteis na saúde das crianças e no seu neurodesenvolvimento. Assim, procurando utilizar a evidência científica disponível, pretendem alertar os pais, educadores e sociedade civil para os riscos dos mesmos, emitindo recomendações de utilização destas tecnologias de forma mais saudável em idade pediátrica.
A evidência científica disponível aponta para riscos não negligenciáveis associados ao uso indevido de ecrãs e tecnologia digital ao longo das várias etapas da idade pediátrica. Salienta-se que é particularmente nociva a exposição precoce à tecnologia digital quando os conteúdos são selecionados de forma autónoma e, muitas vezes, aleatória (ex. YouTube, TikTok, Instagram), sem interação com o adulto, sem filtros de segurança, conteúdos pouco didáticos e sem respeitar limites de tempo ajustados à idade.
Os primeiros anos de vida são aqueles em que ocorre no bebé a maturação do sistema nervoso para desempenhar funções características da sua espécie. Para que este neurodesenvolvimento ocorra, é fundamental a interação com o meio. Assim, está comprovado que a utilização precoce de ecrãs condiciona diversos obstáculos:
A versão completa das Recomendações da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria para a utilização de ecrãs e tecnologia digital em idade pediátrica encontra-se para consulta.
Tiago Proença dos Santos e Mafalda Sampaio
Neuropediatras nas ULS de Santa Maria e ULS de São João
Setembro/2024