Hoje em dia é banal distrair as crianças com ecrãs (telemóvel, tablet, televisão, consola) quer seja à hora da refeição, no supermercado ou na viagem de carro. Que implicações poderá este comportamento ter no seu desenvolvimento? Que dicas dão os peritos?
É um tema ainda em investigação, mas sabe-se que o uso excessivo de ecrãs está associado a um desenvolvimento deficitário de capacidades físicas e cognitivas e que contribui para a obesidade, problemas de sono, depressão e ansiedade em idade pediátrica. Dos dispositivos eletrónicos, o efeito da televisão tem sido alvo de vários estudos, sobretudo nas áreas da linguagem e da cognição. Os resultados apontam para uma possível associação entre o tempo passado em frente ao ecrã e o aumento de problemas de comportamento e de perturbação da linguagem.
Existem milhares de aplicações e programas marcados como educacionais que acabam por deixar os pais confortáveis com a exposição aos ecrãs. Alguns são uma boa ferramenta para a aprendizagem de conhecimentos concretos, como programas de televisão que ajudam as crianças a aprender números e letras. Os programas de elevada qualidade usam estratégias conhecidas no desenvolvimento da linguagem: nomear objetos, ter personagens que falam diretamente para as crianças e dar oportunidade à criança para responder. Não obstante, a maioria dos efeitos positivos no desenvolvimento cognitivo defendidos pelos criadores nem sempre são cientificamente comprovados. Apesar dos referidos benefícios, o autocontrolo, a empatia, as habilidades sociais e a resolução de problemas ficam por aprender. Tempo de ecrã excessivo significa menos tempo para brincar, estudar, falar ou dormir e menos conversa e brincadeira com os amigos.
Em 2016 e, novamente, em 2018, a Associação Americana de Pediatria divulgou recomendações para o correto uso de ecrãs:
É importante recordar que os limites são necessários e esperados por parte das crianças, tanto no dia a dia, como no ambiente virtual. As crianças nem sempre vão utilizar corretamente os ecrãs. Os pais devem tentar lidar com os erros com empatia e transformar o erro num momento educativo. Devem observar com atenção os comportamentos das crianças e dos adolescentes e, se necessário, procurar ajuda profissional, como do Pediatra ou do Médico de Família.
Referências bibliográficas:
Realizado por:
Beatriz Simões Vala
Interna da formação especializada em Pediatria
Centro Hospitalar de Leiria, EPE
beatriz.vala@chleiria.min-saude.pt
Com a correção/supervisão de:
Ana Catarina Faro
Assistente de Pediatria
Centro Hospitalar de Leiria, EPE
ana.faro@chleiria.min-saude.pt
Texto elaborado para o Portal C&F, SPP 2019.04.25©