Eczema atópico nas crianças

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Doenças comuns e outros problemas

Eczema atópico nas crianças

O que é o eczema atópico?

O eczema atópico ou dermatite atópica é uma doença inflamatória da pele, crónica e recorrente, que se manifesta por comichão, pele vermelha, seca e descamativa, em locais específicos, consoante a idade da criança.

É muito frequente e a sua prevalência tem vindo a aumentar.

 

O que provoca o eczema atópico?

O eczema atópico não é uma doença contagiosa. Resulta da interação complexa de vários fatores, entre os quais: 1) alteração da função barreira da pele; 2) fatores genéticos (história familiar de atopia é fator de risco) e 3) fatores imunológicos (o sistema imunitário responde “em demasia” a agentes inócuos).

 

O meu filho tem eczema atópico?

Os sintomas iniciam-se, geralmente, entre os 2-3 meses e o primeiro ano de vida, embora possam aparecer em qualquer idade. A grande maioria surge até aos 5 anos de idade.

A comichão é o sintoma mais constante nesta doença, de predomínio noturno e por vezes de difícil controlo, condicionando “coceira” e perturbação do sono.

Áreas de pele vermelha e descamativa são o que designamos de eczema.

Quando o eczema está muito ativo (agudo), pode deitar líquido e formar pequenas “bolhas de água”. Nas áreas repetidamente coçadas, a pele pode ficar mais espessada. As áreas mais afetadas podem ficar mais escuras ou mais claras, secundárias ao próprio eczema.

O aspeto da dermatite atópica varia com a idade da criança:

  • No bebé (<2 anos) afeta sobretudo a face (bochechas), pescoço e superfícies extensoras (cotovelos, joelhos) e as lesões são mais agudas (podem ter “aguadilha”). A área da fralda é tipicamente poupada.
  • Nas idades mais tardias (2-12 anos) as lesões tendem a localizar-se às superfícies flexoras (“dobras” dos braços e pernas).

Outras localizações frequentes são os punhos, tornozelos, mãos, pescoço e também as pálpebras.

 

Como se diagnostica o eczema atópico?

O diagnóstico é clínico, e geralmente, não são necessárias análises nem outros exames.

É importante salientar que “pele seca” não é sinónimo de eczema atópico, havendo frequentemente um diagnóstico exagerado desta patologia.

 

O que agrava o eczema atópico?

Diversos fatores ambientais podem aumentar a atividade da doença, no entanto, estes variam entre diferentes indivíduos e nem sempre é fácil reconhecê-los.

Alguns dos fatores mais comuns são:

  • Agentes irritativos nos produtos de higiene, especialmente perfumes.
  • Temperaturas extremas, transpiração e humidade.
  • Roupas de lã ou materiais sintéticos. Devem ser preferidas roupas claras de algodão.
  • Pólens, ácaros e pêlos de animais.
  • Uma constipação comum, ou outras infecções.
  • Ato de coçar, que perpetua a comichão.
  • Stress.
  • Fatores alimentares - papel ainda pouco consistente. Apenas deve ser pesquisado nos casos graves, que surgem em idades precoces, face a suspeitas de agravamento com alimentos específicos. Dietas restritivas são desaconselhadas e não têm efeito na evolução da doença. 

 

Que consequências pode ter o eczema atópico?

As infeções bacterianas da pele são a complicação mais comum, manifestando-se como crostas amarelas sobre as placas de eczema (impétigo). Infeções víricas da pele (herpes, moluscos contagiosos ou verrugas vulgares) também podem ocorrer.

A comichão intensa pode levar ainda a perturbação do sono e, consequentemente, a fadiga, irritabilidade, mau rendimento escolar e distúrbios psicológicos.

 

O eczema atópico tem cura?

Na maioria das crianças o eczema atópico melhora na adolescência.

Apesar de não haver cura, há diversas opções de tratamento, que permitem que, na maioria dos casos, a criança possa levar uma vida normal.

 

Que cuidados posso/ devo ter?

  1. O primeiro passo é evitar os fatores identificados como agravantes.
  2. Os banhos podem ser diários, desde que curtos (5 minutos), com água tépida (27º-30º), de preferência sob a forma de duche e com óleos de banho/syndets adequados.
  3. A aplicação generosa (1-2 x/dia) de emoliente adequado sobre todo o corpo é a base do tratamento.

O emoliente ideal é aquele que não tem fragâncias e que é nutritivo. Deve ser dada preferência aos bálsamos. Cremes, loções ou leites, exigem maior frequência de aplicação diária. No entanto, é preciso notar que estes não devem ser aplicados sobre as áreas de eczema ativo (deixamos esta área para os tratamentos anti-inflamatórios tópicos como os dermocorticóides).

 

Como se trata o eczema atópico?

Além dos cuidados atrás referidos, e que são a base de tratamento da dermatite atópica, há frequentemente necessidade de recorrer a fármacos. Siga o esquema de aplicação prescrito pelo seu médico.

Dermocorticóides

O tratamento tópico (para aplicar sobre a pele) com corticóides é a base do tratamento da agudização do eczema. Em geral, é preferível usar pomadas em vez de cremes, se as lesões forem “secas”. Em áreas mais sensíveis como rosto, genitais, axilas e região mamária devem ser preferidos corticóides mais fracos.

Bom senso na aplicação do dermocorticóide: aplicar segundo esquema médico, sobre as áreas afetadas.

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Podem ser utilizados sobre áreas de pele mais sensível ou em esquema de manutenção, de forma a prevenir recidivas.

Anti-histamínicos

Podem ser benéficos no controlo da comichão e alguns pelo seu efeito sedativo, se tomados à noite.

Casos graves podem exigir tratamento mais específicos, a cargo da Dermatologia: fototerapia (luzes ultravioleta), corticóides orais, imunossupressores sistémicos oufármacos biológicos.

 

Elaborado por:

Rebeca Calado, Leonor Ramos

Serviço de Dermato-Venereologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

 Eczema CA. Childhood Atopic Eczema Your Questions Answered... Available from: www.eczema.org

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