A constipação é uma infeção das vias respiratórias superiores, nomeadamente do nariz, garganta e ouvidos. As constipações são causadas por vírus, são autolimitadas (ou seja, resolvem espontaneamente sem necessitar de medicação específica) e são mais comuns durante os meses de outono e inverno. A constipação é uma doença muito comum em crianças, sendo que crianças com menos de 6 anos têm frequentemente 6-8 constipações por ano, número este que vai diminuindo com o aumento da idade das crianças.
Os sintomas são variados e dependem da região das vias respiratórias superiores que está a ser mais afetada pelo vírus. No entanto, é habitual haver os seguintes sintomas, que podem ocorrer isoladamente ou em simultâneo:
A duração é variada. Em média, as constipações duram 7 a 10 dias, sendo que há sintomas como a tosse que podem estar presentes até 3 semanas.
Os vírus são os maiores responsáveis pelas constipações. Há uma enorme variedade de vírus, mais de 200, pelo que na maior parte das vezes não é possível saber qual é o vírus responsável. No entanto, o importante é aliviar os sintomas e não tratar o vírus em si.
Os vírus que causam as constipações estão presentes nas secreções respiratórias (secreções nasais e expetoração) e são transmitidos através dos espirros, tosse ou do contacto com mãos e objetos que estão contaminados com estas secreções.
O veículo mais importante dos vírus parece ser as mãos, e tendo em conta a partilha frequente de brinquedos e o contacto direto entre crianças é fácil perceber porque as constipações são tão frequentes. Por outro lado, é também muito frequente as crianças estarem em ambientes onde há maior circulação de vírus, como o infantário. Além disso, crianças mais pequenas estão mais propensas a desenvolver sintomas, já que por terem tido poucas infeções anteriores o seu sistema imunitário não conhece o vírus e por isso é menos eficaz a combatê-lo.
O principal objetivo é aliviar os sintomas e prevenir possíveis complicações. A medida mais eficaz para o bem-estar da criança é a lavagem nasal com soro fisiológico que funciona como um assoar do nariz, e pode ser realizada várias vezes ao dia, principalmente antes das refeições e antes dos períodos do sono. É habitual haver também alguma dificuldade na alimentação. Nesse sentido, é essencial garantir a hidratação e privilegiar alimentos nutricionalmente equilibrados em pequenas quantidades e várias vezes ao dia.
Antipiréticos como o paracetamol devem ser utilizados unicamente se existir febre. Outras medicações como antibióticos e xaropes para a tosse não estão recomendados e podem até ser prejudiciais.
Tendo em conta que as mãos são o veículo de maior importância na disseminação dos vírus responsáveis pelas constipações, a lavagem das mãos é a medida mais importante, que deve ser ensinada e incentivada em todas as crianças. Há outras medidas que se devem adotar, como ensinar as crianças a tossir e a espirrar para um lenço de papel ou para o cotovelo, a não tocar com as mãos nos olhos, nariz ou boca e não levar as crianças com febre para escola.
É essencial a vigilância ativa de sinais que podem significar complicações. Na presença dos seguintes sinais a criança deverá ser observada por um médico num contexto não urgente:
No entanto, há algumas situações em que a criança deverá ser observada num serviço de urgência tendo em conta a possível gravidade do quadro, nomeadamente:
Referências bibliográficas
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Elaborado por:
Joana Vieira de Melo, Interna de Formação Específica em Pediatria Médica da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo
Orientado por:
Mónica Braz, Pediatra
Hospital CUF Descobertas
Texto elaborado para o Portal C&F, SPP 2020.11.23 ©