Muitos são os pais que chegam à consulta de Pediatria e questionam sobre se devem ou não usar aranhas ou andarilhos. A resposta é perentória: Este tipo de objetos não devem ser utilizados.
São os equipamentos de Puericultura que mais acidentes provocam. Um estudo do Observatório Nacional de Saúde contabiliza cerca de 650 casos de acidentes com andarilhos por ano atendidos nos hospitais portugueses. Somam-se a estes os casos em que a criança é levada a outros serviços de urgência, aos centros de saúde ou em que a criança é tratada no infantário ou em casa1.
Em todas as comunidades científicas são desaconselhados estes dispositivos, chegando mesmo alguns países (como o Canadá) a proibir a comercialização2,3,4.
Em Portugal são unânimes as recomendações no sentido da não utilização destes artigos sendo essa recomendação explicita no boletim de saúde do bebé5.
Muitos pais pensam que os andarilhos facilitam a marcha do bebé. Na verdade, este tipo de objetos não tem qualquer utilidade na antecipação da idade de marcha e são perigosos. Ao darem maior mobilidade à criança aumentam o risco de acidentes de todo o tipo: quedas em escadas ou pequenos ressaltos, afogamento, intoxicações, queimaduras. Frequentemente este tipo de acidentes ocorre mesmo quando os adultos estão por perto e a rapidez com que ocorrem nem sempre permitem que sejam evitados6.
Para além disso diminuem o esforço do bebé e o trabalho muscular que tem que ser desenvolvido ao longo das outras etapas (gatinhar, pôr-se de pé). Esse reforço muscular que é feito nos grupos musculares dos membros inferiores e do tronco é importante para a postura em posição vertical e início da marcha7. A atitude correta será estimular a criança a adquirir essas competências e não a ultrapassar etapas.
As aranhas e andarilhos colocam o bebé em má postura ortopédica, com as pernas numa posição arqueada podendo ser responsáveis por posições viciosas7.
As aranhas ou andarilhos não têm vantagens e como tal deve ser evitados.
Bibliografia:
1.http://www.spp.pt/UserFiles/File/UVP_SPP_Estudos_Realizados_Acidentes_c_Andarilhos/Resultado_Final_Andarilhos.pdf acesso em 30.11.2020
2. https://www.canada.ca/en/health-canada/services/science-research/activity-highlights/food-drugs-consumer-products/injury-data-analysis-leads-baby-walker-science-research-health-canada.html acesso em 30.11.2020
3.https://www.canada.ca/en/health-canada/services/consumer-product-safety/advisories-warnings-recalls/information-canadians-travelling-outside-canada.html acesso em 30.11.2020
4.https://www.spp.pt/UserFiles/file/UVP_SPP_Estudos_Realizados_Acidentes_c_Andarilhos/baby_walkers_position_statement.pdf acesso em 30.11.2020
5. https://www.dgs.pt/ficheiros-de-upload-2013/bsij-meninas-miolo-pdf.aspx acesso em 1.12.2020
6. Ariel Sims, Thitphalak Chounthirath, Jingzhen Yang, Nichole L. Hodges and Gary A. Smith - Infant Walker–Related Injuries in the United States – Pediatrics, October 2018, 142 (4) e20174332; DOI: https://doi.org/10.1542/peds.2017-4332
7. Rachel Schecter, Prithwijit Das, Ruth Milanaik. - Are Baby Walker Warnings Coming Too Late?: Recommendations and Rationale for Anticipatory Guidance at Earlier Well-Child Visits - Glob Pediatr Health. 2019; 6: 2333794X19876849. Doi: 10.1177/2333794X19876849
Texto elaborado para o Portal C&F, SPP 2020.12.03
Elaborado por:
Laura Martins
Pediatra – Hospital do Espírito Santo, EPE
