Vacina BCG – Posição da Comissão de Vacinas da SIP/SPP

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Em Portugal, a vacina BCG é administrada aos recém-nascidos, em dose única, fazendo parte do PNV desde 1965. A nível mundial é produzida em quantidade limitada e, nos últimos anos, têm ocorrido roturas de stock em vários países, incluindo Portugal. Apesar disso as taxas de cobertura em Portugal têm-se mantido elevadas (acima de 95%).

As políticas de vacinação não são uniformes e a generalidade dos países da Europa Ocidental não administra a vacina BCG a todos os recém-nascidos. No entanto, é consensual que em países de elevada incidência de tuberculose e difícil acesso da população aos meios de diagnóstico, tratamento e quimioprofilaxia, a vacina BCG deve ser administrada de forma universal.

Apesar da vacina BCG conferir protecção relevante contra as formas graves da doença em crianças, nomeadamente, tuberculose disseminada e meningite, não protege contra a infeção primária nem contra a reactivação da doença. Por outro lado, o controlo da tuberculose numa população e naturalmente na criança, faz-se sobretudo pelo diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos, pelo rastreio de contactos e instituição de medidas de quimioprofilaxia. Assim, a decisão de vacinar ou não toda a população terá de ter em consideração todos estes fatores.

Em Portugal, nas últimas décadas, a incidência de tuberculose na população geral tem vindo a diminuir de forma progressiva e sustentada, estando hoje abaixo de 20 casos por 100.000 habitantes, pelo que o risco de transmissão na comunidade é baixo. Por outro lado, a DGS tem vindo a recolher, activamente, os dados epidemiológicos nacionais, como incidência por grupos etários e por regiões, formas clínicas de apresentação, existência de potenciais grupos de risco e a analisá-los, com a ajuda de peritos, para uma tomada de uma posição adequada à realidade nacional.

A Comissão de Vacinas da SIP/SPP considera que uma posição definitiva sobre a administração universal da vacina BCG em Portugal só poderá ser tomada após o conhecimento de todos esses dados epidemiológicos. No entanto, consideramos que o risco de tuberculose para as crianças, em Portugal, é baixo e que os atrasos verificados na vacinação não colocam em risco a sua saúde.

 

Lisboa, 11 Setembro 2015

Prof. Doutor Luís Varandas

Presidente da Comissão de Vacinas SIP/SPP

Disponibilizado para o Portal CF, SPP. 18.01.2016